Moradores do Jd. Vitória perdem casas

Por Folha de Embu | 26/12/2017

Cerca de 1.600 pessoas do Jardim Vitória estão preocupadas com a situação dos terrenos onde moram. Em 2002 um dos moradores do bairro havia comprado um lote e não conseguia registrar o contrato de compra e venda que tinha em mãos. Foi então que ele e outras famílias descobriram que foram vitimas de grilagem de terras.

Grilagem de terra é a falsificação de documentos para tomar posse de terras devolutas ou de terceiros, bem como de prédios ou prédios indivisos. Essa é uma prática ilegal que atinge pessoas de boa fé como Hugo Barros, que desde 2005 está lutando pela regularização de seu terreno.

“Compramos um lote em 2001 e desde 2005 estamos brigando na justiça na esperança de uma negociação. Infelizmente estamos sem resultado e empresa não aceita negociar. A realidade é que eles querem tomar nossas casas, que construímos com tanto sacrifício, sem receber nada“, desabafou.

Com iminência de perder sua casa, os moradores começaram a se mobilizar e entraram com processos para reconhecer a terra onde vivem e regularizar a sua situação. Em busca de informações sobre como proceder, uma moradora enviou um oficio ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e obteve como resposta a notícia que seu imóvel “consta como inexistente no banco de dados de imóveis rurais”.

Segundo Rogério Ruas, líder do movimento de moradia do bairro, os documentos falsificados possuem a assinatura do ex-prefeito Nivaldo Orlandi, que estava empossado à época. Procurado pela reportagem da Folha de Embu, Orlandi confirmou a assinatura nos documentos. 

No terreno há 352 lotes, que vão da quadra 1 a 36, segundo Ruas.

A Imoplan H. Imobiliária teria levado o próprio avaliador de imóveis para conferir as terras e, após isso, comprado terrenos e casas para revender aos próprios moradores por R$ 236.000,00 (duzentos e trinta e seis mil), segundo contam os moradores. A Folha de Embu tentou contato com a empresa, mas não obteve resposta.

Os moradores do bairro entraram com processo para impedir as 40 reintegrações expedidas e reaver as 16 casas tomadas. De acordo com os documentos obtidos pela reportagem da Folha de Embu, a ação na justiça está a 16 anos em andamento.  Rogério Ruas acusa os advogados de má fé.

“Os advogados dos moradores perdem prazos para respostas e entregas de documentos aos juízes”, reclamou.

Indagado sobre haver ou não apoio de lideranças políticas ou da Prefeitura, Ruas disse que não há intervenção em socorro à população.

Após tanta demora em resolver o caso, a Associação dos Moradores anunciou que vai entrar com processo coletivo para que as famílias não fiquem sem abrigo. 

 

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